Faz tanto tempo dês da ultima vez. Tanta coisa mudou...
Parece que a vontade incansável que eu tinha de viver sumiu de repente, num
piscar de olhos, numa fração de segundos, no breve movimento que o relógio faz
ao mudar de hora. Crescer cansa, os anseios deixam de ser tão intensos e eu só
quero que sejam realizados logo e até de forma rápida. Parece que o que vale
agora é a série de coisas que a gente faz, e não a qualidade dessas coisas, o
modo que as fazemos, desde que as façamos. Parece tudo tão predeterminado que
se mudarmos o curso do movimento dessas coisas tudo foi em vão, vai por água
abaixo. E eu estou parada nesse tempo, nesse espaço da vida o qual a gente acha
que vai ser breve, pelo menos espera
que seja breve, que é essa transição da vida adolescente para a vida adulta,
aonde nos cercamos de dúvidas e buscamos pela mais simples resposta, que nos
leva a caminhos mais complexos com o passar do tempo.
Mas o tempo não
passa...
Diante dos meus olhos
tenho um punho de areia na mão, não tem ampulheta, não há quem conte o passar
das horas, e esse momento é tão precioso, porque sei que se soltar o pulso,
tudo vai tão rápido, perco a linha de pensamento que me levaria a algum lugar e
então persisto ao segurar meu punho. Preciso
que algo indique que estou no caminho certo, e quando eu finalmente souber
então o tempo pode passar, que seja depressa ou até que se arraste como vem se
arrastando, porque ainda não sei o ritmo que quero seguir essa dança, não sei
como cheguei até aqui, e por mais lenta que seja a valsa, eu continuarei
dançando...