quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Me esqueci por aí
Estou esquecida, por dias fora de casa. Já nem sei mais qual dos cômodos é o meu preferido, também perdi a preferência pelas almofadas. Passo despercebida pelas canetas jogadas em cima do caderno que inutilmente acompanhava-me até a escola, abandonados, secos e implorando por tinta fresca em suas páginas em branco. Não totalmente, pois acabo-me por preenchê-las nesse instante. Cantos que foram apagados da memória por alguns dias, tiraram férias da monotonia. esqueci por conta própria, por vontade minha, não por involuntariedade, mas adorei. Porque ao por meus pés neste apartamento velho, senti algo novo, como se nunca estivesse aqui antes, explorando cada detalhe e reagindo maravilhada. Aqui, neste velho quarto, neste velho tudo, com essa sensação de novidade. Sem palavras.
Onde tudo é cinza
Mais uma vez estava ali, queria poder acreditar que talvez, a última. Mas esse carma não tem fim nunca. Meu medo de perder impede que eu não volte nunca mais. Bati na porta e ninguém abriu. Apesar das janelas abertas, meu chamado não foi respondido. Ainda ficava a me perguntar por que insistir na ideia tola de voltar atrás, mas tampouco obtia respostas. Algumas das poucas vezes, talvez todas as vezes que pensei racionalmente nesse assunto tão...(suspiros) que você é, todas as respostas foram negativas, e não me surpreenderam. Sempre tive sã consciência da minha frieza abrigada no coração. Dói quando pulsa. Mas você esculpiu um belo coração nesse gelo aqui mantido. Como conseguiu, eu não sei. Sabia que quando sua partida fosse anunciada, ele derreteria. Como se não fosse existir mais. Como se não fosse amar mais. Ninguém constrói nada com isso que restou. E quer saber? Essa foi a última sensação que você me passou: esse líquido gelado unindo-se ao sangue quente, e então, desaparecendo, desfazendo-se. E é assim que me sinto desde então. Desde agora, que bato à sua porta e não obtenho sequer um ruído vindo de dentro, que pudesse confirmar sua presença, mas não. Você se foi e apenas deixou as janelas abertas para que desse a entender que ainda está aqui. Mas eu não precisava de nada disso, pois meu coração já sentia, eu apenas não quis acreditar. Não desisti de te encontrar, pois sei que está em cada canto desta casa. E não se preocupe em me procurar algum dia desses, basta voltar, e eu estarei em qualquer cômodo, transformando as saudades em cinzas, e depositando-as nos cinzeiros espalhados por aí...
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