quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Entre olhares

Você estava lá. Olhando para mim como se estivesse sentindo a minha falta. Mas você não estava. Seus grandes olhos castanhos estavam me assustando pra caralho. Você entrou, caminhando em minha direção e eu pensei que era alguma coisa. Mas não era nada. Lá estava você. Sorrindo no meio da multidão, a multidão que eu não podia ver. Seus olhos estavam me hipnotizando, como um daqueles contatos de olho intenso que você faz com estranhos na rua. Eu sorri de volta, pensando que você pudesse estar, possivelmente, sentindo a minha falta. Mas você não estava. E você nem explicou-se. Como eu poderia saber? Eu não poderia. Porque você pensou que seria um grande problema para mim. E não foi. Pela primeira vez eu estava sendo indiferente sobre algo relacionado a você. Eu juro que pensei que nunca voltaria a sorrir. E eu posso. Mais feliz do que nunca. Apenas como as coisas devem ser.

domingo, 13 de novembro de 2011

Versos gélidos

Manhã gelada
E o calor que aquece
O frio que permanece
Vento típico da geada

Tomo um café, acendo meu cigarro
Vejo o dia que passa
Em um ritmo desacelerado
Me parece que tudo que tenho, basta.

Meus versos que imploram por calor
Choram todas minhas lágrimas
Procurando espantar a dor
E de tudo isso, restam-me as lástimas.

Do que me faltou
E que sempre fará falta
Esse coração que nunca amou
Irá um dia ceder-me a graça?

Sinos do inverno que já se foi

Frio que definitivamente não combina com aulas. Combina com chocolate, marshmallow, edredons inúmeros e com todas suas cores de inverno. Combina com filme que combina com pipoca. Frio remete-me a tantas combinações... Combina com café ou capuccino na poltrona de couro da livraria. Combina com vinho, conhaque. Com queijo, fondue...hmm, fondue! Combina com as diferentes estampas que desfilam nas avenidas geladas e seus guarda-chuvas. Combina com chás dos mais variados sabores, que por sinal, não combina nada com stress! Não sei, mas parece que o frio lembra nostalgia. Pode ser só uma das coisas que me faz nostalgiar, com mais intensidade nessa época. Lembranças quentes. Frio combina com velas, que combina com romance, um encontro ao ganhar um buquê de rosas vermelhas. Com uma lingerie bonita que se esconde debaixo de casacos, suéteres e cardigãs e cachecóis e meias-calças e calças. mas apesar de ser tudo tão lindo, acho que os termômetros não combinam com a verdadeira sensação térmica... E nem comigo! Inverno, pra quê te quero?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Summer time, já diria Janis Joplin

Amanheceu escuro. Amanheceu sem manhã. Sem luz, sem o sol das seis e meia. É isso que o horário de verão faz. Cega nosso fio de luz do despertar. E depois de um tempo, o céu se abre e dá espaço ao sol lá pelas oito. Desejaria acordar apenas quando o sol desse o ar da graça, mas acordo quando o dia desperta, como antes, quando o sol me acompanhava. O sol que chega tarde e se põe mais tarde ainda. Aprecio essa preguiça bonita, que clareia o dia por uma hora menos, apesar da sensação ser de dias mais longos. O cair do sol às dezenove me faz parar tudo para assistí-lo. Penso sempre o porquê dessa mudança, mas não preciso de uma resposta. Respostas específicas demais geralmente me assustam. Então o assisto sem querer respostas para minha pergunta. Afinal, pra quê tirar a graça de tudo isso com alguma resposta que, provavelmente, eu não escutaria uma palavra? E se escutasse, não entenderia... Aliás, o sol tem essa magia toda, de vir com uma trilha sonora, né? Cada lugar combina com uma música para belos dias ensolarados. Algumas combinam mais com domingos em casa, café na cama... Horário de verão é tão mais outono do que verão, e acho que é por essa contradição da vida que eu gosto tanto. Tirando o fato de ter uma hora a menos pra vadiar pela vida...

sábado, 1 de outubro de 2011

Detalhe

Encontrei a felicidade sentada numa mesa de um restaurante mexicano na Augusta, tomando uma cerveja com uma pessoa que eu amo. Rodando pra lá e pra cá, sem destino. Sem hora, sem pressa, sem compromisso...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ruínas das possibilidades, das saudades

Pior da saudade é que você sempre quer ter tudo como era antes, e não poder fazer nada pra ter um momento de volta. Pior da saudade é pensar que tudo que eu precisava eu tinha em mãos e deixei fugir. Pior de tudo isso é o arrependimento. Pior que qualquer coisa, porque eu sempre penso no ‘’e se...?’’ e é sempre assim. E se tudo desse certo tudo estaria bem, mas como sempre, tudo dá errado. Eu acho que gosto tanto do errado que chega a me atrapalhar. Me impediu de fazer tantas decisões importantes na vida. Pior de tudo isso é saber que não tem volta. Mas o verdadeiro pior fator de tudo isso, é selecionar músicas tristes, ouví-las sozinha, pensando nos momentos que perdeu... E deixar as lágrimas caírem até se secarem sozinhas, sendo substituídas por mais outras e outras...

domingo, 11 de setembro de 2011

Não sei se sou. Talvez eu seja, não sei.

Estou cercada de pessoas, porém só. Só eu. Eu e eu. E sinceramente, eu, sendo eu mesma, cansei. Cansei desse vazio que não é preenchido nunca. Nem por um ventinho, nem sequer uma brecha do sol que entra pela janela. Muito menos por mim mesma. Estou em constante estado de solidão, que me faz tanto pensar... Acho que estou enlouquecendo, ou apenas enfraquecendo. Me sinto fraca também, estou perdendo o melhor de mim e até o que nunca tive. Ou tive por um momento e perdi rapidamente. E cada vez mais me perco, afundo... e não há bóia que me salve, me tire da maré movimentada. Não sei o que fiz da minha criatividade. Acho que foi pro ralo com alguns dos fios de cabelo que se desprendem da cabeça, ou com pedaços da minha pele que estão a mudar constantemente. Sabe-se lá o que fiz e estou fazendo da minha vida, ao menos sei que não sou aquilo que as pessoas pensam, o contrário do que realmente sou. Ou do que quero ser. Não sei exatamente. Não sei absolutamente. Sei que sou o que sou, talvez não seja o que quero ser. Mas num futuro talvez eu seja. Seja o que quero ter e tenha o que quero ser.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Você de novo

Esses dias dei pra ter saudades do ano passado. Da falta de compromisso comigo mesma, das sensações. Senti saudades de falar com você todos os dias. De você gostar de mim e eu não saber se gosto de você. Das gravações e das nossas dizidas músicas. A trilha sonora dessa drama bom. E por uma bobagem deixei você escapar, como quem pega um punhado de areia fina que escorre dentre os dedos. Te magoei, e que nem dizem: sambei no teu coração com salto agulha. E nem ao menos parei. Me aprofundei em algo totalmente vazio de amor, e te olhava me olhando de longe, e não sentia pena. Só de mim. Te perdi, perdi-me e iludi-me. Me abri, e meus olhos não fitavam mais os teus, minha pele não estava mais sobre a sua. Fitavam outros, era tudo diferente. Olhares que se desencontravam por poucos milésimos, e reencontravam-se e vai-e-vém. Não sentia mais nada além de dor. E depois não mais. E logo após o término, acabou. E agora tô com saudades dos amores do passado. Não sei se posso dizer que te amei, mas as coisas mudaram e os sentimentos não são mais os mesmos. Eu gostava de você. E essa é a hora que você se pergunta: ''Então, porque?''... E eu te digo que não foi por não gostar de você, mas sim por não gostar de mim. Sabe se lá o que se passava na minha mente de 15 anos, que mais parecia uma metralhadora, atirando conclusões confusas à respeito de qualquer coisa... Mas eu tenho todo o tempo do mundo, posso esperar. Posso fazer coisas que nunca imaginei, só por você. Acho que isso significa algo, não? Somos tão jovens...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

À espera de um nome menos clichê que saudades

Às vezes sinto sua falta. É inevitável olhar pra você e não lembrar de tudo que passamos nos apressados 3 meses que dividimos tempo. Às vezes queria voltar no tempo. Que eu ainda não sabia tanto sobre a vida. Que eu era mais inocente. Você me olhava com um jeito de que ia pedir algo, mas tinha vergonha. Saudades dos beijos nas escadas e escondidos de todos. Saudades do perigo. Do ciúme. Das risadas. Até mesmo da última escapada. Sinto saudades até mesmo de ouvir você dizer que tava com saudades. É, eu acho que às vezes sinto sua falta mesmo. Agora é uma das vezes. Faz parar? Não podemos. Nem quero. Só sinto falta. É só isso mesmo... Saudades.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Reflexos do espelho da vida

A dor está lá, sempre como uma linha contínua, aparentemente sem começo, nem meio, nem fim. Estão todos os sentimentos alinhados, e postos como um ranking enumerado no espelho que reflete as sensações. A linha da felicidade está tênue, quase sem força e sem cor.
Olhar-me no reflexo não é mais como ontem, acho que perdi minha face e estou mascarando-me com todas as outras que me deparo. Não sei mais como é ser eu. Não sei mais aproveitar-me de modo íntegro.
Mas observo no reflexo que não há sentido algum em nada disso. Perdi-me no início e não há reflexo ou reflexão que faça encontrar-me.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Frenético

Hoje acordei com um milhão de sensações: carinho, saudades e junto a isso, sinto que meus calcanhares doem. Poderia escrever diversas metáforas para cada uma das sensações, mas tenho preguiça transbordando de modo que não se esconde. Sempre presente, por sinal. Ócio que me consome, mas algo tem que ser feito. Levanto-me da cama e tais sensações acompanham-me como se estivessem penduradas, suspensas no meu corpo, tamanha a intensidade de cada uma. Arejar foi tranquilizante, sair de casa é sempre melhor do que parece. Sentir o ritmo da cidade, que, mesmo que não me acompanhe, está presente de um jeito ou de outro. Ritmo louco, frenético. Até que eu gosto. Chego na farmácia e busco por band-aids para cobrir as feridas nos meus calcanhares. Por fim estou fazendo o caminho de volta, para então começar o dia outra vez, outra rotina e outros calcanhares.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

16 forever

O tempo passou, e eu cheguei até aqui. E quero parar. Porque o mundo me assusta, e por mais que eu queira crescer, não quero. Gosto tanto da minha vida agora, aos 16 anos... que poderia ficar perdida nesse tempo-espaço para sempre. Quer rotina melhor do que escola-dormir-acordar-escola? Tudo bem que escola não é a melhor fase da vida, mas depois a gente ouve dos mais velhos que iremos sentir falta. Também tem a faculdade, que é uma coisa mais passageira que a escola, mas também muito mais intensa. Eu tenho planos para o futuro, mas até lá, ainda tenho 16 anos. E esse ano faço 17, e no outro 18... E quando me vejo pensando no que vai ser de mim, já estou formada, trabalhando na área que eu realmente gosto e com filhos pra criar. Embora eu precise dessa independência e responsabilidade, não quero pensar em pagar contas, em não ter os conselhos da minha mãe. Aliás, me assusta saber que um dia não vou ter minha mãe e meu pai ali pra tudo. Não tenho vergonha de admitir, de verdade. Não sou nenhuma dessas garotas que tem 16 anos e acha que tem 21. Tudo tem seu tempo, e eu estou vivendo o meu melhor tempo desde então. Ainda ganho minha mesada e gasto com as coisas que eu quero sem ter que dar satisfações pros meus pais, meu pai paga meus sapatos e minhas roupas, eu não preciso trabalhar pra isso... Só preciso não ser uma vagal. Ainda tenho minha mãe pra cuidar dos meus problemas de gastrite quando estou realmente mal, e ficar ao meu lado até adormecer. Tenho meu pai, que tem sido meu mais fiel companheiro de almoços aos domingos desde que meu irmão começou a namorar, e a minha mãe começou a ter eventos todos os finais de semana. Tenho meu quarto, minha bagunça que eu nem preciso arrumar, porque sempre tem alguém que não aguenta vê-lo bagunçado. Tenho tudo que eu preciso ter, e ainda quero mais. Quero poder usufruir disso para sempre. Por isso não quero crescer. Me assusta saber que vou perder tudo isso e vou ter que me virar sozinha. Porque o mundo é cruel. E vai ficar cada vez pior. Não quero que meus filhos vivam num mundo cruel. Quero que eles tenham as mesmas oportunidades que eu, ou até melhores. Mas... porque já estou falando em filhos? Não vivo naquele programa ''16 and pregnant''. Eu vivo minha vida da melhor maneira possível... estou assustada com o que o mundo pode me tornar, ou tornar-se, mas estou vivendo. Até meus 17, meus 18 ou até o nascimento dos meus filhos, ou além.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ócio

As férias não poderiam ter vindo em tempos melhores. Gosto de quando as coisas começam a funcionar a meu favor quando necessário. Tanta coisa se passando desde... então. Várias paixões levianas que sem dúvida serão devidamente esquecidas agora, exatamente por serem levianas. Várias coisas a fazer e muito tempo pra fazê-las. Apesar de minha única vontade ser ficar na cama. No ócio. Convidativo... uma pena que terei de recusar. Quem sabe outra hora, para um chá e uns biscoitos.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Cheia do vazio

Sensação de vazio mais estranha que essa, não há. É uma sensação de vazio, porém cheia, cheia de lamentos, de falsas esperanças e de ausências. Tantas coisas num vazio só, que qualquer hora explode. Nessa hora, não sei se quero sentir isso, embora sei que preciso. Não sei se quero me pertencer, que minha alma me pertença. Quero me libertar e estar em algum lugar que seja preenchido por amor, tranquilidade e uma bolha. Que me proteja. Da escuridão. Dos sentimentos. Dos calafrios. Do olhar gélido. Do coração palpitando. Discutindo com a cabeça. Que tem razão, mesmo que não queira. Desviando meu olhar. Do seu. Que me compromete. Te entrega. Te faz tão meu. Que prende sua mão em minha. E não larga. Permanece. Aquece. Provavelmente me vejo pensando nesse momento no futuro. Que permanece. Não quero que nada disso não me reste.

domingo, 12 de junho de 2011

Pessoal

Tudo mudou. Inclusive as pessoas, acho que foi a maior mudança que ocorreu dentre esse curto espaço de tempo. E muitas se foram, e muitas outras chegaram. Tantos outros indiferentes, imperceptíveis, que quase por falta de tempo, inexistentes. E agora está tudo mudado. Inclusive os hábitos. A rotina sempre tão tosca. Sempre a achei tão desnecessária. Conforme as mudanças vem vindo, a rotina acostumou-se com meu desprezo, mas por fim, abandonou-me. Ainda bem. E a partir de hoje, continuo em busca do novo. Do novo conhecido. Que por início é apenas um conhecido, e depois um alguém um pouco mais próximo. E cada vez mais próximo. E se torna um amor, que talvez não correspondido, mas esse é o drama todo do amor. E meus anseios de trazê-lo para mais perto crescem... Quero tocá-lo. Sentir seu aroma natural, e quero que siga seus extintos. Sentir o salgado do seu corpo a cada vez que te tocar com a língua, e que me arrepie, que me faça sua. Que me envolva no ato em que estivermos entrelaçados, seguindo os passos fiéis do movimento que não tem como ser outro. Vai e vem. Meu amor. Quero dizer ao pé do seu ouvido o quanto aprecio esse momento. E quero que se torne como uma fita cassete das antigas: rebobine, acelere, um pouco mais devagar... Permaneceremos juntos e exalando ao nosso cheiro característico, quem sabe fumar um cigarro que torne o ambiente com cheiros que se misturem, mas continuem sendo nossos. Esta sou eu, ainda procurando te encontrar, perto do posto, do mercado e de casas antigas com portões baixos. Com os ventos que desajeitam meu cabelo que nem ao menos foram uma vez ajeitados. Ouço a sinfonia pouco sincronizada da avenida e das buzinas e das pessoas e de todo o resto. Continuo andando em busca de um olhar que me corresponda: não só ao meu amor, mas também aos meus anseios, e tudo o que tenho procurado e nunca encontrei. E dizem que tudo tem seu tempo certo, que tudo tem que acontecer naturalmente. Com um empurrãozinho deixa de ser naturalmente? Perde toda a graça? Espero que não.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Rotineiro

Calor. Meus calcanhares doem. Preciso de um abraço. Carinho. Saudades. Nirvana, não a banda, e sim o que a palavra representa. Meu estojo, meu celular e alguns sentimentos. Ócio. Branco. Quero conversar com alguém, alguém diferente. Meu sono e minha cama, lado a lado. Queria minhas férias para sempre. Jornalismo. Quero muito. Andei lendo Chico Buarque. Ainda tenho alguns. Descascou, embora fosse recente. Branco. Quebraram e eu fiquei magoada. Comprei band-aids. Rabiscos. Estorvo. Cazuza no pulso. Tatuagem de mentirinha e um laço. Rosa, azul turquesa e etc. Paulo Leminski, eu adoro. Meu cofre é um sapo. Espelho manchado. Bilhetes na carteira, algumas notas ficais com sentimentos. Pés cansados. Branco. Encerramento sem desfecho, sem final. Acabou.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tabacaria

(...)
''Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.(...)''

Fernando pessoa

sexta-feira, 4 de março de 2011

Guardo a chuva no bolso

Observo o cinza do céu repleto de nuvens carregadas, é a chuva que está pra chegar. Apresso-me para não me molhar, mas não tenho medo. A chuva é tão linda...Seus pingos tão miúdos e finos adiantam-se em pintar o chão das ruas, ou até mesmo o verde das gramas com sua água fresca, incolor. Busco pelo guarda-chuva em minha bolsa, mas a bagunça que há dentro dela impede que essa seja uma tarefa fácil. Procuro por um abrigo, ótimo seria se encontrasse uma cafeteria, onde além de refrescar as ideias, posso aquecer as mãos. Ah, nada melhor! Ando pelas ruas ainda procurando o guarda-chuva, mas acabo-me por encontrar minha vontade: café. Entrei na livraria com cheiro de ideias novas, velhas, geniais e café exalando o local. Agora posso sentar-me e procurar tranquilamente pelo guarda-chuva enquanto espero meu café e observo as prateleiras repletas de cores, amores, histórias e mais. Inútil, parou de chover.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Me esqueci por aí

Estou esquecida, por dias fora de casa. Já nem sei mais qual dos cômodos é o meu preferido, também perdi a preferência pelas almofadas. Passo despercebida pelas canetas jogadas em cima do caderno que inutilmente acompanhava-me até a escola, abandonados, secos e implorando por tinta fresca em suas páginas em branco. Não totalmente, pois acabo-me por preenchê-las nesse instante. Cantos que foram apagados da memória por alguns dias, tiraram férias da monotonia. esqueci por conta própria, por vontade minha, não por involuntariedade, mas adorei. Porque ao por meus pés neste apartamento velho, senti algo novo, como se nunca estivesse aqui antes, explorando cada detalhe e reagindo maravilhada. Aqui, neste velho quarto, neste velho tudo, com essa sensação de novidade. Sem palavras.

Onde tudo é cinza

Mais uma vez estava ali, queria poder acreditar que talvez, a última. Mas esse carma não tem fim nunca. Meu medo de perder impede que eu não volte nunca mais. Bati na porta e ninguém abriu. Apesar das janelas abertas, meu chamado não foi respondido. Ainda ficava a me perguntar por que insistir na ideia tola de voltar atrás, mas tampouco obtia respostas. Algumas das poucas vezes, talvez todas as vezes que pensei racionalmente nesse assunto tão...(suspiros) que você é, todas as respostas foram negativas, e não me surpreenderam. Sempre tive sã consciência da minha frieza abrigada no coração. Dói quando pulsa. Mas você esculpiu um belo coração nesse gelo aqui mantido. Como conseguiu, eu não sei. Sabia que quando sua partida fosse anunciada, ele derreteria. Como se não fosse existir mais. Como se não fosse amar mais. Ninguém constrói nada com isso que restou. E quer saber? Essa foi a última sensação que você me passou: esse líquido gelado unindo-se ao sangue quente, e então, desaparecendo, desfazendo-se. E é assim que me sinto desde então. Desde agora, que bato à sua porta e não obtenho sequer um ruído vindo de dentro, que pudesse confirmar sua presença, mas não. Você se foi e apenas deixou as janelas abertas para que desse a entender que ainda está aqui. Mas eu não precisava de nada disso, pois meu coração já sentia, eu apenas não quis acreditar. Não desisti de te encontrar, pois sei que está em cada canto desta casa. E não se preocupe em me procurar algum dia desses, basta voltar, e eu estarei em qualquer cômodo, transformando as saudades em cinzas, e depositando-as nos cinzeiros espalhados por aí...