sábado, 25 de setembro de 2010

Love letter for no one


Querido, são tantas coisas que me passam pela cabeça agora, lembranças de todos nossos momentos, que eu mal posso escolher um para ficar aqui comentando de como tudo foi bom. Fiquei algum tempo olhando para esta página antes de escrever algo, porque eu quero escrever algo sincero e que você mereça. Lembro do dia que nos conhecemos, faz tanto tempo, e eu não imaginei estar onde estamos agora. Te agradeço todo tempo por ter aparecido assim na minha vida, tão repentinamente que eu não poderia evitar, nem se eu quisesse. Mas eu não quis, e desde a primeira vez que te vi, me apaixonei. As pessoas nem sempre acreditam em amor a primeira vista, e geralmente tudo vai muito mais pelo lado físico. No entanto, eu me apaixonei pelos seus traços, por serem tão diferentes e únicos, eu adoro isso. Depois que começamos a conversar me apaixonei mais ainda por você. Pelos seus ideais, e pelas sua cabeça tão bem feita(e pelo fato de você ser solteiro, o que tornou tudo tão mais fácil para mim, hahaha). Agora quero ficar nastalgiando esse dia incrível. Nossas conversas e o jeito que você olhava nos meus olhos, ria das besteiras que eu falava e o modo como você segurou as minhas mãos e agradeceu por estar fazendo você se divertir. Eu me lembro de ter dito que eu adoro fazer os outros rirem, e que também o fazia porque havia adorado seu sorriso e sua gargalhada espontânea. E a cada gesto, cada ato seu, eu me apaixonava mais. Como você pode ser tão rápido? Algumas horas e eu já me via perdidamente apaixonada. Melhor é lembrar do nosso primeiro beijo. Continuávamos conversando e você segurava minha mão, e de repente ficou um silêncio que eu fiquei até corada de vergonha, por não saber o que falar. Olhei para o chão e quando tornei a erguer a cabeça e ajeitar minha franja, me via sem saída(não que eu quisesse sair né) e enfim nos beijamos. É como dizem sempre, que quando você gosta da pessoa você ouve um som suave de sininhos no seu ouvido. Por mais estranho que pareça, eu escutei os tais sininhos, e mais estranho ainda é continuar ouvindo-os a cada vez que nos beijamos, mesmo depois de tanto tempo juntos. Você me proporciona coisas que ninguém nunca me proporcionou, e eu te amo por cada detalhe mínimo que te torna quem você é. Obrigada.

Com amor, Isabela.
25/09/2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

She

Um armário de doze portas, fechadas por sinal. Uma cortina que impede que a luminosidade vespertina adentre esse cômodo, que não é dela. Quatro instrumentos de cordas encostados num móvel que tem um objeto estranho, quadrado, fino, com duas caixinhas ao lado. Uma pessoa com trajes largos está a frente de uma coisa cheia de teclas. Um telefone, um outro aparelho. Um baralho ao lado da televisão, embaixo alguns fios nunca utilizados, nem nunca descobertas suas utilidades foram. Uma chave sem chaveiro, quatro pares de tênis, um quase invisível. Uma cama bagunçada, com bagunça de amor. Duas mochilas estão jogadas sobre ela, roupas amassadas que não fazem diferença agora. Inúteis. Almofadas jogadas pelo chão liso de um quarto que aconchega uma alma solitária. Uma alma solitária que busca por palavras. Olha tudo ao seu redor. Nada encontra. Aprofunda seus pensamentos, mas nada há em sua mente. Um som meio silencioso está presente, se não fosse a música que ouve para distrair-se da solidão. Uma música que fala de amor. Estranho, já que sente ausência, mesmo existindo presença, logo ali, no outro cômodo. Agora achou um papel, desgastado, parece que tem uns dois anos ou mais. Tem um texto, um belo texto. Fala sobre algumas cicatrizes, invisíveis, e que doem quando chove. O circuito está fechado. Agora ouve o som afinado de um violão, tocado suavemente. Os pelos quase invisíveis daquele fino braço, se arrepiaram. Agora a luz se vai, chegou sua vez, penumbra. Não se incomoda, uma vez que gosta de você. A noite está para ser anunciada, não falta muito. Pegou sua garrafa com um quarto de conteúdo, e virou. Sentiu ardência, e depois, uma espécie de anestesia. Agora, nada sente. Ainda está olhando para o tal quadrado do qual não consegue desviar os olhos por longos instantes. Mas tudo bem. Acho que seu trabalho que tampouco tem importância, foi terminado.