domingo, 15 de agosto de 2010

La Vie En Rose


Nesse momento os cômodos apresentam-se numa cor degradê de nostalgia, bem retro. Há cheiro de cigarro por toda parte, toalhas úmidas apoiadas no encosto das cadeiras. O reflexo de um lindo pôr-do-sol atravessa o eixo de luz entre as persianas semifechadas. Agora um cheiro de café, com uma mistura de bolo quente e de trilha sonora desse momento quase perfeito, um solo de sax. Nada mais lindo poderia estar acontecendo agora. Ali no canto da minha mobília tem um vaso de flores com pétalas de cor quente, dando um contraste lindo com a brecha de luz do sol que se põe. Logo ao lado, algumas cartas antigas, com o pé da página um pouco amassado, devido ao lugar desaconchegante em que as depositei um tempo atrás. Meus cabelos estão presos, entrelaçados num coque desajeitado, que se desfaz despercebidamente. Meus lábios, num tom de vermelho parecido com o das pétalas, meio apagado, desgastou-se. Olhando fixamente o sol que se despede, tateio minha mesa na busca cega de um cinzeiro. Encontrei-o e posicionei-o a minha frente. Depositei meu cigarro com marca de batom e observei a fumaça que subia, como um filete, e depois se espalhava pelo ar. Tornei a pô-lo em minha boca quase seca e levantei-me para pegar uma xícara de café quente e puro. Molhei os lábios e abracei a xícara com as mãos, na intenção de aquecê-las. Volto ao meu posto de observadora na minha velha poltrona na sala de estar, que hoje, especificamente está incrivelmente mais aconchegante do que nunca. Eu nunca havia sentido nada assim ao decorrer de um ano e meio, desde minha mudança. Hoje, especificamente, eu não preciso de mais nada além do meu cigarro com marcas de batom e do meu café puro e extremamente quente. Mas bem que alguém para me acompanhar nesse embalo nostálgico e compartilhar um abraço sincero, não seria nada mal.

sábado, 14 de agosto de 2010

Wish plus you

Eu não sei mais lidar com a saudade, ou o desejo de viver algo que eu não pude. Eu quero um namorado. Que me abrace, que faça carinho nos meus longos cabelos castanhos. Que acaricie meu rosto quente, e toque meus lábios na súplica de um beijo. Que deite comigo no gramado seco sob um lindo céu estrelado. Que não tenhamos que dizer nada. Fechar nossos olhos, e de mãos dadas, adormecermos. Acordar e sentir as carícias delicadas de uma mão pesada, que com esforço, as torna leves. Sentir o sol no meu rosto e não conseguir abrir os olhos. Sentir sua sombra cobrindo meu rosto, e numa fração de segundos, perceber que seu rosto se aproxima e nossos lábios se tocam. Eu só quero alguém com a capacidade de me fazer sorrir sem muitos motivos aparentes. Que eu possa fazê-lo sentir-se único. Que faça com que eu me sinta única.

domingo, 1 de agosto de 2010

Untitled

Os dias tem passado com facilidade, e por muito pouco, despercebidos. Gostaria de entender o que está acontecendo com o mundo e com as pessoas a minha volta. Gostaria que entendessem que mudar é bom, que experimentar é válido, e que nem tudo, por mais que pareça, está perdido. Que não não há tempo a perder, já que o tempo está voando. Acredito que não exista um bloqueio, já que tudo o que queremos é aproveitar. Existirá o limite, apenas se você quiser impô-lo. Eu não acho que exista a necessidade, já que experiências são sempre acrescentadas à nossa história e sempre rendem algumas boas lembranças. Eu acredito tanto nisso, porque só o fato de lembrar, e pensar que poderia ter sido diferente, talvez não tivesse sido tão bom quando como aconteceu. Minha mente é meio presa a esse tipo de pensamentos. Presa ao passado, a nostalgia. Eu queria mesmo poder parar no tempo duas vezes, uma para poder apenas pensar, e não agir. Outra na qual eu pudesse agir sem pensar, só pela vontade que nunca passa despercebida. Admiro ambos, mas não admiro meio termo. Isso soa completamente racional, e creio eu que existam poucas pessoas que agem dessa maneira. Me iludi quando achei que pudesse esperar. E também quando achei que pudesse voltar e corrigir alguns errros mesquinhos. Mas nada é assim, talvez isso seja bom. Eu gostaria de me prender menos a esse tipo de pensamentos e possíveis indagações, quem sabe talvez o tempo me dê uma brecha e permita que eu possa escolher? Quem sabe...